Ansiedade durante a gravidez

yoga no feminino susana lopes

Muitas pessoas estão predispostas a sentimentos de ansiedade como resultado de momentos de stress, e se quiser saber exatamente o que é o stress, recomendo-lhe que leia o meu artigo que aborda este assunto.

O fato é que 20 a 30% das mulheres irão vivenciar alguma forma de ansiedade durante a gravidez. A gravidez por si só pode gerar ansiedade, porque trás consigo imensas transformações físicas e emocionais, podendo também trazer novos desafios na sua vida, no seu relacionamento e na sua família.

O stress excessivo combinado com sentimentos de pressão constante no trabalho, na família, preocupação constante, receio do parto e da maternidade, sentimentos de pânico, pode tornar-se um catalisador da sua ansiedade, e a gravidez pode tornar-se muito difícil de lidar se for esse o seu caso.

Dependendo se é algo que começou durante a sua gravidez ou algo que já sente na sua vida faz já algum tempo, mesmo antes de engravidar, é importante que as mulheres saibam que na maioria das vezes poderão sentir sintomas de ansiedade durante a gravidez, e esses sintomas podem piorar devido a todas a transformações que ocorrem durante a gravidez.


Mas quando é que a ansiedade deve ser motivo de preocupação? E como pode ser tratada durante a gravidez?
As respostas a estas questões são informações que toda a mulher grávida deve saber. Dependendo da gravidade e dos níveis relativos, a ansiedade durante a gravidez pode ser facilmente tratada com terapias psicológicas leves ou simplesmente meditação e treino de relaxamento que irão ajudá-la a tornar-se mais consciente de si mesma, do seu corpo, dos seus pensamentos e sentimentos, e mantê-la no momento presente e não nas memórias futuras ou passadas que lhe estão a desencadear a ansiedade. A melhor forma de lidar com o stress e ansiedade é quando você escolhe realmente cuidar de si, do seu bebé e da sua gravidez.

Prevenir e controlar a ansiedade
A saúde mental deve receber tanta atenção e cuidados como a saúde física, especialmente durante e após a gravidez. A mulher sente-se muito solitária ao lidar com estes problemas durante a gravidez, pois o companheiro e a família não entendem como é possível sentir-se mal num momento que deveria ser o melhor das suas vidas, muitas vezes após tantos anos de espera para conseguir engravidar.

Não se sabe muito sobre a complexidade dos fatores envolvidos no desenvolvimento da ansiedade durante a gravidez e muitos profissionais de saúde não fazem a triagem de possíveis transtornos de ansiedade nos seus pacientes.

Além disso, os transtornos de ansiedade podem ser muito difíceis de diagnosticar com precisão devido ao fato de alguns dos sintomas se sobreporem aos sintomas biológicos da gravidez, como alterações do apetite, falta de concentração, náuseas, etc.

O histórico de ansiedade na família pode prever se a mulher tem mais predisposição para a ansiedade, mas nem sempre pode ser o caso. Fatores como perfeccionismo, ser muito exigente consigo mesma, não pedir ajuda, podem contribuir para o desenvolvimento de elevados níveis de ansiedade durante a gravidez. Um passado de abortos espontâneos, problemas de fertilidade, separação, solidão, entre outros acontecimentos impactantes, também podem levá-la à ansiedade ou mesmo depressão.

As mulheres devem perceber que, para prevenir e tratar o que poderá ser um transtorno de ansiedade, deverão esforçar-se para comunicar, partilhar, expressar os seus pensamentos e sentimentos, mesmo quando se sentem mais vulneráveis, mesmo quando do outro lado não compreendem pelo que está a passar. É a única forma de cuidar bem de si própria e do seu bebé, bebé este que pode dar muita força para superar estes desafios.

Eu lembro sempre às mulheres que estão a criar e inspirar o seu bebé dentro de si, que o bebé sente o que a mãe sente como se fosse a sua própria experiência. Portanto, uma mãe que decide agir e superar os seus desafios também imprime ao bebé a sensação que os desafios podem ser superados.

Aprender e praticar a paz interior, técnicas simples e eficazes de respiração e relaxamento, realizá-las regularmente, não apenas ajudará a futura mãe a superar os seus sentimentos de culpa, medo ou mesmo constrangimento, mas também a ajudará a mãe a voltar a sua atenção para o seu corpo, a sua respiração, com foco no seu bem-estar emocional e no vínculo profundo com o seu bebé.

Mas o que é exatamente uma ansiedade normal e o que não é?
Definitivamente, há uma diferença entre estar preocupado com algo e ser consumido por preocupação. Todos nós nos preocupamos com algo, é normal, natural e humano, pois mantém-nos afastados de situações perigosas. Pense que há milhares de anos atrás, quando os nossos antepassados estavam na selva, eles estavam preocupados com a sua própria segurança, estariam em alerta para sua própria vida, mas não em modo de ALERTA MÁXIMO o tempo todo. A ansiedade é como definir um falso alarme no seu sistema que continua dia após dia sem necessidade, pois você não está numa situação perigosa na maior parte do tempo.

Muitas mulheres, durante a gravidez, sentem que estão a amplificar as suas preocupações. A maioria das mulheres preocupam-se se serão boas mães, se os seus bebés serão saudáveis. Outras poderão preocupar-se com as alterações nos seus relacionamentos, como é que os irmãos irão reagir a um novo bebé na família ou até mesmo como será a sua vida financeira, isso é normal. Poderá sentir insónias e ficar mais emotiva, sensível a coisas que não era antes, isso também e natural.

No entanto, se você sentir com persistência:
• Dificuldade em concentrar-se na sua vida diária
• Problemas de performance no trabalho ou em casa
• Sentimentos de desespero
• Sensação frequente de medo ou inquietação
• Pensamentos de preocupação e expectativa constantes
• Pensamentos obsessivos persistentes
• Sensação frequente de pânico
• Dificuldade em desfrutar das coisas simples da vida que anteriormente a faziam sentir bem
• Fadiga severa • Irritabilidade
• Padrões de sono alterados e perturbados
• Se sentir palpitações cardíacas, ondas de calor, tonturas e náuseas, e tensão muscular

Se sentir níveis elevados de alguns ou mesmo apenas um destes sintomas, não é normal ou saudável, e definitivamente afeta a sua capacidade de funcionar normalmente. É neste momento que as mulheres devem conversar com um especialista porque, para algumas mulheres, a sua ansiedade normal pode agravar-se e tornar-se num transtorno de ansiedade.

Como é que os níveis elevados de ansiedade poderão afetar a Mãe e o Bebé
Quando uma mulher grávida é afetada com elevados níveis de ansiedade, pode desenvolver mais problemas físicos em comparação com outras mulheres grávidas, têm mais probabilidade de requerer uma cesariana primária e de desenvolver stress pós-traumático e depressão pós-parto.

Elevados níveis de ansiedade a longo prazo também estão associados a um aumento no risco de parto prematuro, baixo peso à nascença, e baixa pontuação no teste de Apgar no recém-nascido.

Efeitos a longo prazo associados ao stress e ansiedade materna incluem um aumento das reações emocionais do bebé, problemas de atenção, agitação, redução do vínculo entre a mãe e o bebé. As hormonas associadas ao stress são ativadas com a ansiedade e afetam tanto a mãe como o bebé, afetando também o desenvolvimento emocional e mental do bebé.

E em relação à toma de medicamentos para a ansiedade durante a gravidez?
Embora os estudos não tenham mostrado efeitos a longo prazo nos bebés expostos a estes medicamentos, muitos profissionais de saúde admitem que poderá ser devido aos escassos estudos realizados em mulheres grávidas. A maioria dos medicamentos para tratar a ansiedade enquadra-se na mesma classe dos medicamentos antidepressivos, o que significa que alguns poderão ser mais difíceis de prescrever durante a gravidez.

Quando pensar em tomar medicamentos para a ansiedade durante a gravidez, a mulher deve tomar sempre uma decisão cuidadosamente informada, que inclua uma análise do risco-benefício, com o apoio de um bom profissional de saúde para decidir qual a dose mais reduzida que oferece mais benefícios, reduzindo os riscos. É por isso que muitas mulheres procuram terapias não medicamentosas para aliviar o stress e a ansiedade.

O que pode fazer
Atualmente existem formas eficazes no tratamento da ansiedade durante a gravidez e as mulheres já não precisam de se sentir sem apoio. Lembre-se que nesta equação há mais um membro na sua equipa – o seu bebé, que está aqui para a ajudar.

Foi demonstrado que as técnicas de respiração e relaxamento reduzem significativamente a ansiedade durante a gravidez e que isso não inclui qualquer toma de medicamentos. As estratégias de autogestão também se mostraram eficazes. Para mulheres que sentem ansiedade durante a gravidez, o yoga e a meditação pré-natal também se mostraram uma excelente modalidade para ajudar a estabilizar as hormonas relacionadas com o stress. Dando prioridade ao seu ritmo circadiano, agende um horário durante o dia para desacelerar e ganhar consciência dos seus sentimentos, fazer uma caminhada de 10 minutos, ou nadar, partilhando assim o mesmo ambiente aquático que o seu bebé, ajudando ao vínculo entre os dois. Ouvir música, ter uma alimentação saudável e encontrar uma dieta equilibrada pode realmente torná-la também mais positiva, ou até receber uma massagem de um profissional ou mesmo do seu parceiro.

No meu programa Gravidez Sem Stress, também incluo técnicas de conexão para ajudar as mães a sentirem-se mais próximas e mais vinculadas aos seus bebés durante e depois da gravidez. Além disso, partilho com as mulheres informações sobre a ansiedade porque as ajuda a ganhar consciência do seu ambiente interno e reações, mudando os seus hábitos e comportamentos.

Adquira conhecimento!
Construa um sistema de apoio. Passe algum tempo com amigas que também estão grávidas como você e considere juntar-se a uma comunidade virtual para se ligar com outras pessoas que estão a passar pelo mesmo tipo de sentimentos que você. Estas estratégias sozinhas ou acompanhadas podem ser suficientes para ajudar as mulheres grávidas a sentirem-se com menos stress e ansiedade durante a gravidez, mas você deve lembrar-se que terá sempre do seu lado o seu bebé e o seu instinto maternal, e realmente irá saber o que fazer quando o seu sistema for recarregado de pensamentos positivos, confiança, e alegria! Você é a melhor mãe do mundo para o seu bebé e que o que o seu bebé simplesmente precisará é do seu amor.


Quem sou eu?
Olá! Eu sou Susana, sou professora de yoga e educadora pré-natal. No meu dia a dia, se não estou com meus 3 filhos, eu ajudo e dou apoio às necessidades das mulheres, mães e dos seus bebés. Sou a fundadora do Programa Yoga para Mulheres, Yoga para Grávidas e Pós-parto e Yoga para Toda a Família, Yoga para a Ansiedade, autora do livro Yoga e Maternidade, e Presidente da Associação Norueguesa de Educação Prénatal. Tenho mais de quinze anos de experiência como professora de yoga e hoje orgulho-me de ter ajudado centenas de mulheres um pouco por todo o mundo.