COMPREENDE A TUA RESPOSTA AO STRESS
Uma situação stressante pode surgir de muitas maneiras e pode ser ativada por inúmeros fatores, alguns deles talvez possas reconhecer aqui:
• preocupação persistente acerca de
algo
• sensação de pânico sem qualquer razão forte
• uma
gravidez não planeada
• ter medo de perder algo ou alguém
• pressão no trabalho e prazos curtos de entrega de trabalho
• falta de comunicação com o seu parceiro
• falta de apoio
familiar
• sentir-se irritável várias vezes
• ter
dificuldade em se acalmar
• pensamentos pessimistas e
negativos que não desaparecem
Quer isto seja algo que
acabou de começar, quer esteja a acontecer há anos, as mulheres
podem muitas vezes sentir-se muito sós ao tentar lidar com tudo
isto, e ainda mais quando se pensa em engravidar, ou estar
grávida e lidar com uma nova vida e mudanças.
Uma
situação de stress pode desencadear uma cascata de hormonas de
stress que produzem uma cadeia de mudanças fisiológicas. Esta
reação é também conhecida como resposta ao stress ou "luta ou
fuga" e é um mecanismo natural de sobrevivência do nosso corpo,
que todos temos e que vem dos tempos antigos, quando estávamos
na natureza, permitindo-nos a nós, e a outros mamíferos, reagir
rapidamente a situações adversas e de ameaça à nossa vida. Por
exemplo, um acidente, pode fazer o nosso coração começar a
bater mais rápido. Os músculos podem ficar mais tensos,
aparecem gotas de suor, e as substâncias que ajudam a reparar
os tecidos no nosso corpo também aumentam. Esta resposta ao
stress é um grande mecanismo fisiológico do nosso corpo pois
estimula a parte mais primitiva do seu cérebro a tomar decisões
mais rápidas, para combater a ameaça ou fugir para um sítio
seguro. Infelizmente, o corpo também pode exagerar, criando o
hábito de começar a agir como se estivesse sempre numa situação
iminente de ameaça à nossa vida.
Algumas pessoas pensam
que esta reação é parte da sua personalidade e não podem fazer
nada quanto a isto, porque muitas vezes vêem-se a exagerar em
diferentes situações da sua vida, quando, muito provavelmente
não precisariam de ter uma reação física ou emocional tão
forte, mas simplesmente não sabem como fazê-lo de outra forma.
Na maior parte das vezes quando isso acontece, não se encontram
em situações de ameaça de vida, e circunstâncias como a pressão
do trabalho, dificuldades financeiras, dificuldades familiares
e relacionamentos ou, até mesmo um engarrafamento no trânsito,
pode fazê-las exagerar.
Ao longo dos anos, os
investigadores têm estudado como estas reações funcionam em
conjunto, e a razão pela qual surgem, tendo já estudado os
efeitos a longo prazo, na saúde física e psicológica, do stress
crónico. A pesquisa sugere que o stress crónico contribui para
a pressão arterial alta, promove a formação de depósitos de
obstrução de artérias, e causa alterações cerebrais que podem
contribuir para ansiedade, depressão, vício, problemas
gastrointestinais, problemas no sono e de concentração,
obesidade e má ligação entre mãe e bebé.
Como é
quando sentimos a resposta ao stress?
A
resposta ao stress começa no nosso cérebro. Quando se é
confrontado com uma situação stressante, sendo uma situação de
legítimo risco de vida ou não, os olhos ou ouvidos (ou ambos)
enviam a informação para a glândula amígdala, uma área do
cérebro que contribui para o processamento emocional. A
amígdala interpreta as imagens e os sons e quando estes
“trazem” o perigo, envia instantaneamente um sinal de socorro
ao hipotálamo. O hipotálamo funciona como um centro de comando,
comunicando com o resto do corpo através do sistema nervoso
para que a pessoa tenha a energia para lutar ou fugir (ver
ilustração).
Esta área do cérebro comunica com o resto do corpo através do
sistema nervoso autónomo, que controla muitas funções
involuntárias do corpo como respiração, pressão sanguínea,
batimentos cardíacos, e a dilatação ou contração de vasos
sanguíneos chave e pequenas vias respiratórias nos pulmões
chamados bronquíolos. O seu sistema nervoso autónomo tem dois
componentes, o sistema nervoso simpático, e o sistema nervoso
parassimpático.
O sistema nervoso simpático é o sistema
de ativação do corpo, provoca a resposta de luta ou fuga,
proporcionando ao corpo uma explosão de energia para que possa
responder à medida que persente o perigo. O sistema nervoso
parassimpático age como um travão, promovendo o regresso à
calma e ao descanso, para digerir a resposta após o perigo ter
passado.
Após o sinal de socorro da amígdala, o
hipotálamo ativa o sistema nervoso simpático, que por sua vez
envia sinais através dos nervos autónomos para as glândulas
suprarrenais.
As glândulas suprarrenais respondem
bombeando adrenalina hormonal para a corrente sanguínea,
provocando uma série de alterações fisiológicas:
• o coração
bate mais rápido que o normal
• o sangue é bombeado para os
músculos, coração e outros órgãos vitais
• a pulsação e a
pressão sanguínea aumentam
• a respiração fica mais rápida e
as pequenas vias respiratórias nos pulmões abrem-se mais
•
os pulmões recebem mais oxigénio que o normal e o oxigénio
extra é enviado para o cérebro, aumentando o estado de alerta
• a visão, a audição e outros sentidos tornam-se mais nítidos,
e a pessoa fica extrassensível
• há também uma libertação de
açúcar no sangue (glicose) e gorduras dos locais de
armazenamento temporário no corpo, fornecendo energia a todas
as partes do corpo
Estas reações são tão naturais e
rápidas que uma pessoa nem se apercebe delas. Na verdade, a
ligação é tão eficiente que a amígdala e o hipotálamo iniciam
esta cascata ainda antes dos centros visuais do cérebro terem
tido a oportunidade de processar totalmente o que está a
acontecer. É por isso que as pessoas são capazes de saltar do
caminho de um carro que está a chegar mesmo antes de pensarem
no que estão a fazer.
Se o cérebro continuar a
percecionar algo como perigoso, as glândulas suprarrenais
começam a libertar a hormona do cortisol, mantendo o corpo em
alerta máximo, e só quando a ameaça passa é que os níveis de
cortisol baixam. O sistema nervoso parassimpático - o "travão"
- atenua a resposta ao stress.
O stress,
durante um longo período de tempo, pode também afetar o seu
bebé:
• influenciando o metabolismo na
placenta
• as hormonas do stress passam pela placenta
fazendo com que o líquido amniótico fique mais amargo e fazendo
com que o bebé beba menos
• aumenta as hipóteses de o bebé
ter baixo peso de nascimento
• aumenta a probabilidade de
ter um bebé prematuro
• o fornecimento de oxigénio ao bebé
pode diminuir
• aumenta a probabilidade de surgir problemas
de saúde no seu filho mais tarde na vida
O que
pode fazer?
Muitas pessoas sentem-se
incapacitadas para controlar esta reação em cadeia, o que é
compreensível uma vez que se trata de uma reação bioquímica
muito forte e porque vivemos numa sociedade, num ambiente que
está constantemente a exigir uma reação rápida, logo pode
parecer impossível mudar a nossa resposta.
O stress
crónico de baixo nível mantém o cérebro em alerta máximo a
tempo inteiro, a pessoa torna-se extrassensível, extra
emocional e depois de algum tempo, isto também terá efeito no
corpo, levando a problemas de saúde associados ao stress
crónico.
As mulheres grávidas são particularmente
suscetíveis ao stress, e ainda mais sensíveis às suas
transformações corporais e mentais, bem como ao ambiente em que
se encontram. Para além disso, tudo o que está a acontecer com
a mãe física e emocionalmente também está a ser registado pelo
bebé, e o bebé está a sentir tudo como se fossem as suas
próprias experiências.
A boa notícia é que podemos
aprender técnicas naturais para contrariar a nossa resposta ao
stress, e até mesmo evitar que ele surja quando não é
necessário, aqui ficam algumas utilizadas nas minhas aulas de
yoga.
Resposta
Respiração Profunda – para mim é a mais
importante de todas, e eu sei como muda a vida das pessoas
apenas praticada durante alguns minutos por dia. As nossas
emoções também são sensações físicas e estão ligadas a
diferentes ritmos de respiração. Ao praticar as técnicas de
respiração do yoga lentas e profundas , treina-se para criar
uma sensação de calma e observação que o ajudará a estar atento
no momento às suas diferentes emoções e reações, mudando assim
o seu comportamento.
Resposta Relaxamento
– ao focar-se numa palavra que a tranquiliza (como “paz” ou
“calma”), ao visualizar situações tranquilas no relaxamento do
yoga, ajuda-se a mãe a criar novas impressões e sensações
positivas na sua mente e corpo, com o intuito de libertar a
tensão, bem como restaurar a paz.
Resposta
Não-reação – ao praticar uma resposta de
não-reação, e de observação interior, como por exemplo durante
a meditação no yoga, o sentimento de tranquilidade floresce
ajudando a mãe a melhorar o seu sentido geral de consciência e
concentração no que é realmente importante neste momento, para
ela e para o seu bebé, permitindo-lhe que não se sinta tão
emocionalmente envolvida em situações de stress.
Resposta
Física – no yoga ajudo a mãe a começar a fazer
uma prática suave que combina movimentos fluentes com
respiração profunda e foco mental, para induzir à consciência
corporal e mental, criando uma sensação de calma e paz que é
usada para equilibrar o seu sistema nervoso central e trazer
mais serenidade à sua vida e à vida do seu bebé.
Resposta
Social - encontrar um bom grupo de pessoas que
estarão lá para si, para ouvi-la sem julgamento, para receber
apoio emocional quando necessário é uma ótima maneira de fazer
escolhas de vida e vai ajudá-la também em momentos de crise e
stress.
Quem sou eu?
Olá! Eu
sou Susana, sou professora de yoga e educadora
pré-natal. No meu dia a dia, se não estou com meus 3
filhos, eu ajudo e dou apoio às necessidades das
mulheres, mães e dos seus bebés. Sou a
fundadora do Programa Yoga para Mulheres, Yoga
para Grávidas e Pós-parto e Yoga
para Toda a Família, Yoga para a Ansiedade,
autora do livro Yoga e Maternidade, e Presidente da
Associação Norueguesa de Educação Prénatal. Tenho mais de
quinze anos de experiência como professora de yoga e hoje
orgulho-me de ter ajudado centenas de mulheres um pouco por
todo o mundo.