Ansiedade durante a gravidez
Muitas pessoas estão predispostas a sentimentos de ansiedade como resultado de momentos de stress, e se quiser saber exatamente o que é o stress, recomendo-lhe que leia o meu artigo que aborda este assunto.
O stress excessivo combinado com sentimentos de
pressão constante no trabalho, na família, preocupação
constante, receio do parto e da maternidade, sentimentos de
pânico, pode tornar-se um catalisador da sua ansiedade, e a
gravidez pode tornar-se muito difícil de lidar se for esse o
seu caso.
Dependendo se é algo que começou durante a sua
gravidez ou algo que já sente na sua vida faz já algum tempo,
mesmo antes de engravidar, é importante que as mulheres saibam
que na maioria das vezes poderão sentir sintomas de ansiedade
durante a gravidez, e esses sintomas podem piorar devido a
todas a transformações que ocorrem durante a gravidez.
As respostas a
estas questões são informações que toda a mulher grávida deve
saber. Dependendo da gravidade e dos níveis relativos, a
ansiedade durante a gravidez pode ser facilmente tratada com
terapias psicológicas leves ou simplesmente meditação e treino
de relaxamento que irão ajudá-la a tornar-se mais consciente de
si mesma, do seu corpo, dos seus pensamentos e sentimentos, e
mantê-la no momento presente e não nas memórias futuras ou
passadas que lhe estão a desencadear a ansiedade. A melhor
forma de lidar com o stress e ansiedade é quando você escolhe
realmente cuidar de si, do seu bebé e da sua gravidez.
Prevenir e controlar a
ansiedade
A saúde mental deve receber tanta
atenção e cuidados como a saúde física, especialmente durante e
após a gravidez. A mulher sente-se muito solitária ao lidar com
estes problemas durante a gravidez, pois o companheiro e a
família não entendem como é possível sentir-se mal num momento
que deveria ser o melhor das suas vidas, muitas vezes após
tantos anos de espera para conseguir engravidar.
Não se
sabe muito sobre a complexidade dos fatores envolvidos no
desenvolvimento da ansiedade durante a gravidez e muitos
profissionais de saúde não fazem a triagem de possíveis
transtornos de ansiedade nos seus pacientes.
Além disso,
os transtornos de ansiedade podem ser muito difíceis de
diagnosticar com precisão devido ao fato de alguns dos sintomas
se sobreporem aos sintomas biológicos da gravidez, como
alterações do apetite, falta de concentração, náuseas, etc.
O histórico de ansiedade na família pode prever se a mulher
tem mais predisposição para a ansiedade, mas nem sempre pode
ser o caso. Fatores como perfeccionismo, ser muito exigente
consigo mesma, não pedir ajuda, podem contribuir para o
desenvolvimento de elevados níveis de ansiedade durante a
gravidez. Um passado de abortos espontâneos, problemas de
fertilidade, separação, solidão, entre outros acontecimentos
impactantes, também podem levá-la à ansiedade ou mesmo
depressão.
As mulheres devem perceber que, para prevenir
e tratar o que poderá ser um transtorno de ansiedade, deverão
esforçar-se para comunicar, partilhar, expressar os seus
pensamentos e sentimentos, mesmo quando se sentem mais
vulneráveis, mesmo quando do outro lado não compreendem pelo
que está a passar. É a única forma de cuidar bem de si própria
e do seu bebé, bebé este que pode dar muita força para superar
estes desafios.
Eu lembro sempre às mulheres que estão a
criar e inspirar o seu bebé dentro de si, que o bebé sente o
que a mãe sente como se fosse a sua própria experiência.
Portanto, uma mãe que decide agir e superar os seus desafios
também imprime ao bebé a sensação que os desafios podem ser
superados.
Aprender e praticar a paz interior, técnicas
simples e eficazes de respiração e relaxamento, realizá-las
regularmente, não apenas ajudará a futura mãe a superar os seus
sentimentos de culpa, medo ou mesmo constrangimento, mas também
a ajudará a mãe a voltar a sua atenção para o seu corpo, a sua
respiração, com foco no seu bem-estar emocional e no vínculo
profundo com o seu bebé.
Mas o que é exatamente uma ansiedade normal e o que não
é?
Definitivamente, há uma diferença entre
estar preocupado com algo e ser consumido por preocupação.
Todos nós nos preocupamos com algo, é normal, natural e humano,
pois mantém-nos afastados de situações perigosas. Pense que há
milhares de anos atrás, quando os nossos antepassados estavam
na selva, eles estavam preocupados com a sua própria segurança,
estariam em alerta para sua própria vida, mas não em modo de
ALERTA MÁXIMO o tempo todo. A ansiedade é como definir um falso
alarme no seu sistema que continua dia após dia sem
necessidade, pois você não está numa situação perigosa na maior
parte do tempo.
Muitas mulheres, durante a gravidez,
sentem que estão a amplificar as suas preocupações. A maioria
das mulheres preocupam-se se serão boas mães, se os seus bebés
serão saudáveis. Outras poderão preocupar-se com as alterações
nos seus relacionamentos, como é que os irmãos irão reagir a um
novo bebé na família ou até mesmo como será a sua vida
financeira, isso é normal. Poderá sentir insónias e ficar mais
emotiva, sensível a coisas que não era antes, isso também e
natural.
No entanto,
se você sentir com persistência:
•
Dificuldade em concentrar-se na sua vida diária
• Problemas
de performance no trabalho ou em casa
• Sentimentos de
desespero
• Sensação frequente de medo ou inquietação
•
Pensamentos de preocupação e expectativa constantes
•
Pensamentos obsessivos persistentes
• Sensação frequente de
pânico
• Dificuldade em desfrutar das coisas simples da vida
que anteriormente a faziam sentir bem
• Fadiga severa •
Irritabilidade
• Padrões de sono alterados e perturbados
• Se sentir palpitações cardíacas, ondas de calor, tonturas e
náuseas, e tensão muscular
Se sentir níveis elevados de
alguns ou mesmo apenas um destes sintomas, não é normal ou
saudável, e definitivamente afeta a sua capacidade de funcionar
normalmente. É neste momento que as mulheres devem conversar
com um especialista porque, para algumas mulheres, a sua
ansiedade normal pode agravar-se e tornar-se num transtorno de
ansiedade.
Como é que
os níveis elevados de ansiedade poderão afetar a Mãe e o Bebé
Quando uma mulher grávida é afetada com elevados níveis de
ansiedade, pode desenvolver mais problemas físicos em
comparação com outras mulheres grávidas, têm mais probabilidade
de requerer uma cesariana primária e de desenvolver stress
pós-traumático e depressão pós-parto.
Elevados níveis de
ansiedade a longo prazo também estão associados a um aumento no
risco de parto prematuro, baixo peso à nascença, e baixa
pontuação no teste de Apgar no recém-nascido.
Efeitos a
longo prazo associados ao stress e ansiedade materna incluem um
aumento das reações emocionais do bebé, problemas de atenção,
agitação, redução do vínculo entre a mãe e o bebé. As hormonas
associadas ao stress são ativadas com a ansiedade e afetam
tanto a mãe como o bebé, afetando também o desenvolvimento
emocional e mental do bebé.
E em relação à toma de medicamentos para a ansiedade
durante a gravidez?
Embora os estudos não
tenham mostrado efeitos a longo prazo nos bebés expostos a
estes medicamentos, muitos profissionais de saúde admitem que
poderá ser devido aos escassos estudos realizados em mulheres
grávidas. A maioria dos medicamentos para tratar a ansiedade
enquadra-se na mesma classe dos medicamentos antidepressivos, o
que significa que alguns poderão ser mais difíceis de
prescrever durante a gravidez.
Quando pensar em tomar
medicamentos para a ansiedade durante a gravidez, a mulher deve
tomar sempre uma decisão cuidadosamente informada, que inclua
uma análise do risco-benefício, com o apoio de um bom
profissional de saúde para decidir qual a dose mais reduzida
que oferece mais benefícios, reduzindo os riscos. É por isso
que muitas mulheres procuram terapias não medicamentosas para
aliviar o stress e a ansiedade.
O que pode fazer
Atualmente existem formas eficazes no tratamento da ansiedade
durante a gravidez e as mulheres já não precisam de se sentir
sem apoio. Lembre-se que nesta equação há mais um membro na sua
equipa – o seu bebé, que está aqui para a ajudar.
Foi
demonstrado que as técnicas de respiração e relaxamento reduzem
significativamente a ansiedade durante a gravidez e que isso
não inclui qualquer toma de medicamentos. As estratégias de
autogestão também se mostraram eficazes. Para mulheres que
sentem ansiedade durante a gravidez, o yoga e a meditação
pré-natal também se mostraram uma excelente modalidade para
ajudar a estabilizar as hormonas relacionadas com o stress.
Dando prioridade ao seu ritmo circadiano, agende um horário
durante o dia para desacelerar e ganhar consciência dos seus
sentimentos, fazer uma caminhada de 10 minutos, ou nadar,
partilhando assim o mesmo ambiente aquático que o seu bebé,
ajudando ao vínculo entre os dois. Ouvir música, ter uma
alimentação saudável e encontrar uma dieta equilibrada pode
realmente torná-la também mais positiva, ou até receber uma
massagem de um profissional ou mesmo do seu parceiro.
No
meu programa Gravidez Sem Stress, também incluo técnicas de
conexão para ajudar as mães a sentirem-se mais próximas e mais
vinculadas aos seus bebés durante e depois da gravidez. Além
disso, partilho com as mulheres informações sobre a ansiedade
porque as ajuda a ganhar consciência do seu ambiente interno e
reações, mudando os seus hábitos e comportamentos.
Adquira conhecimento!
Construa um sistema de apoio. Passe algum tempo com amigas que
também estão grávidas como você e considere juntar-se a uma
comunidade virtual para se ligar com outras pessoas que estão a
passar pelo mesmo tipo de sentimentos que você. Estas
estratégias sozinhas ou acompanhadas podem ser suficientes para
ajudar as mulheres grávidas a sentirem-se com menos stress e
ansiedade durante a gravidez, mas você deve lembrar-se que terá
sempre do seu lado o seu bebé e o seu instinto maternal, e
realmente irá saber o que fazer quando o seu sistema for
recarregado de pensamentos positivos, confiança, e alegria!
Você é a melhor mãe do mundo para o seu bebé e que o que o seu
bebé simplesmente precisará é do seu amor.
Quem sou eu?
Olá! Eu
sou Susana, sou professora de yoga e educadora
pré-natal. No meu dia a dia, se não estou com meus 3
filhos, eu ajudo e dou apoio às necessidades das
mulheres, mães e dos seus bebés. Sou a
fundadora do Programa Yoga para Mulheres, Yoga
para Grávidas e Pós-parto e Yoga
para Toda a Família, Yoga para a Ansiedade,
autora do livro Yoga e Maternidade, e Presidente da
Associação Norueguesa de Educação Prénatal. Tenho mais de
quinze anos de experiência como professora de yoga e hoje
orgulho-me de ter ajudado centenas de mulheres um pouco por
todo o mundo.