O que esperar do parto e pós-parto
Quando estava grávida do meu primeiro bebé, li livros e artigos sobre a gravidez, trabalho de parto e nascimento. Pensei que estava 100% preparada, no entanto esse não foi o caso.
As coisas podem descontrolar-se se
não estivermos consciente de diferentes aspetos do trabalho de
parto e do parto em si. Partilho aqui algumas das coisas que
gostaria que me tivessem ensinado antes de ir para o hospital.
Se eu e o meu marido estivéssemos mais informados, teríamos
tomado decisões mais bem informadas, sabendo as vantagens e
contraindicações das nossas decisões não só para mim, mas
também para o nosso bebé. Neste artigo, venho expor diferentes
situações que podem esperar do trabalho de parto e do próprio
parto, coisas que gostaria de ter sabido antes, e que me
surpreenderam a mim e, muito provavelmente, a muitas outras
mulheres.
A
data de parto
A data de parto é uma data
prevista para o parto – uma estimativa que não está
garantidamente correta. Normalmente, é calculada a partir da
contagem de 40 semanas após o primeiro dia do último período
menstrual. Esta estimativa não é totalmente fiável, por vezes
as mulheres não se lembram desse dia com exatidão e outras
ainda têm pequenos fluxos de sangue no início da sua gravidez.
A data de parto pode ser estimada com precisão, baseando-se
em ecografias nas primeiras doze semanas de gravidez. Mas os
ultrassons também não são inteiramente precisos. Devido a erros
frequentes desta estimativa do início da gravidez, os médicos e
parteiras podem ajustar a sua data do parto. Muitos pais ficam
ansiosos, como eu fiquei e sentem-se pressionados a tomar
decisões porque a data de parto já passou. Contudo, se não
houver problemas específicos, o bebé muito provavelmente está
bem e deverão esperar pela última fase de desenvolvimento dos
seus pulmões e cérebro antes da tomada de qualquer decisão, se
realmente tiverem de a tomar. Dar à luz o seu bebé demasiado
cedo pode trazer complicações ao seu sistema respiratório, dado
que os pulmões ainda podem estar subdesenvolvidos. A razão do
“atraso” da chegada do seu bebé é normalmente desconhecida e
nascer após a 40ª semana raramente é prejudicial. No entanto,
para estar tudo mais seguro, o médico e a parteira irão
provavelmente começar a fazer mais exames para ver como está o
bebé. É o bebé, através da placenta, que dá a informação
hormonal à mãe que está no momento do seu nascimento, então
porque não esperar e não precipitar?
O tampão mucoso
Esperei muito pelo meu primeiro bebé e a primeira coisa que me
mostrou que o parto estava perto foi a libertação do tampão
mucoso. É uma bolha de muco que se mantém no colo do útero para
impedir que as bactérias entrem. Não é o melhor indicador de
que o parto esteja a começar, ainda pode levar algumas semanas
para que aconteça, mas é definitivamente um sinal de que está a
aproximar-se! Por isso não tem de ir a correr para o hospital,
mas deve informar quem a está acompanhar.
O sangue
É
possível que perca um pouco de sangue e muco, especialmente se
libertou o tampão mucoso. Este sangue é um indicador melhor de
que o trabalho de parto se aproxima, visto que significa que o
seu colo do útero está a "amadurecer" e a preparar-se para o
parto. Por incrível que pareça, este sangue não a vai assustar,
é um sangue sagrado que anuncia algo mais grandioso. Muitas
mães sente-se gratas por este líquido mágico da vida quando o
vêm a escorrer pelas suas pernas e começam a honrar mais o seu
fluxo e os seus ciclos mensais, portadores da vida. Pode até
nem se aperceber do que libertou se for à casa de banho durante
a noite e não estiver atenta. Relaxe, isso também é normal.
O rebentar das águas
O rebentar das águas pode dar-se por si só antes de começarem
as contrações, o que muitas vezes acontece, e isso não
significa que o parto ou as contrações estejam prestes a
começar. É apenas tempo de se preparar! É “okay” ficar em casa,
falar com o seu prestador de cuidados de saúde e esperar.
Parece que está a fazer muito xixi e com cada contração poderá
fazer ainda mais. Se as águas rebentarem e tiverem “meconio”
significa que o bebé fez cocó dentro da mãe e provavelmente
será necessária uma equipa para a assistir, apenas para
garantir que o bebé está bem após o nascimento.
O trabalho de parto pode
demorar muito tempo
Não importa o que lhe
digam, o trabalho de parto é imprevisível e a ginecologia não é
uma ciência exata, visto que pode levar muito tempo a empurrar
o seu bebé para fora. Especialmente se for a sua primeira
gravidez poderá sentir contrações, desconforto e dor, embora
com irregularidade. Poderá ainda ter de esperar até uma semana
ou às vezes mais, no período de pré-parto, antes de começar
efetivamente o trabalho de parto ativo! Em alguns casos pode
ser rápido, mas na maioria dos casos, o período pré-parto
demora bastante tempo.
Por norma, os hospitais dão-lhe
12 a 14 horas de espera antes de começarem a pedir-lhe para
tomar decisões sobre a sua situação e como as coisas se estão a
desenvolver. Algumas mães ficam até 30 horas no hospital para
dar à luz, embora não seja frequente. Por isso, em conjunto com
o seu parceiro, devem estar cientes do tipo de procedimentos
com que se sentem confortáveis ou não. Antes de irem para o
hospital devem de ter um plano do que desejam, para poder dar
ao pessoal médico, antes do parto, ou ao fazer o check-in, caso
se sintam pressionados a tomar decisões. Se está em casa ou num
centro de nascimento, as coisas tendem a desenvolver-se com
mais calma porque o hospital é um sistema com regulamentos e
devem estar ciente deles, por isso, não tenha medo de
questionar ou fazer perguntas desconfortáveis sobre diferentes
cenários.
Ser paciente, ir-se ajustando e não lutar
contra o desenvolvimento do parto, faz parte da rendição que
todas as mães têm de fazer para ter o bebé nos seus braços.
Atualmente vejo que existe muita tendência para tentar
controlar todos os aspetos do trabalho de parto. Todavia o
trabalho de parto não tem por base o controlo, trata-se sim de
uma rendição, aceitação, confiança no processo natural do
nascimento e da vida. Não existe apenas uma contração muscular,
muito embora seja apenas disso que se fala muito, mas também
uma EXPANSÃO, O corpo abre-se para dar lugar à passagem de todo
o universo. Posto isto, encontre coisas para fazer que a ajudem
a passar o tempo de uma forma descontraída e calma, escolha uma
boa equipa de apoio para encorajá-la e nunca para a stressar,
apenas para a amar e ser gentil consigo, mesmo quando não
conseguir ser gentil com as pessoas que a rodeiam!
Permita-se expressar o que
quiser da forma que quiser
Durante o
trabalho de parto ativo, uma mãe deve ser capaz de chorar ou
sorrir, ser mais ou menos gentil, falar suavemente ou gritar,
como eu tive oportunidade de o fazer. Deve sentir-se num
ambiente seguro, com pessoas que a apoiam “no matter what” para
se puder expressar livremente. Podem surgir muitas emoções que
não está à espera durante o trabalho de parto. É importante
escolher uma equipa que não a julgue, que a ame e apoie
incondicionalmente, que lhe dê coragem durante o processo,
dizendo-lhe palavras amorosas e encorajadoras que a permitam
voltar a si mesma, para o seu corpo e para o seu bebé. Já é uma
grande mãe e, independentemente das escolhas que faça durante o
trabalho de parto, nada a fará ser pior mãe. É a mãe perfeita
para o seu bebé, ninguém lhe pode tirar isso, especialmente
durante o trabalho de parto.
Vomitar
Sim, pode vomitar durante o
parto, umas vezes pelo parto em si, visto que o seu corpo está
a ajustar-se, outras vezes pela dor ou até mesmo pela medicação
para a dor. Prepare-se para tal, porque pode acontecer.
Pode fazer cocó ou ter
diarreia
Poderá nem sequer notar, mas no
parto, é possível que faça cocó. É bastante comum, dado que os
mesmos músculos que se usa para fazer cocó são usados para
empurrar o bebé para fora, logo poderá acontecer. É totalmente
normal!
Check-in no
seu local de nascimento
Dependendo do lugar
que escolheu para dar à luz e se não for em casa, pode demorar
até a admitirem. Quando tive o meu segundo bebé tive de esperar
até estar 4-5 cm dilatada para poder ir para o meu quarto
privado. Antes de entrar, eles verificam-na e se nada se tiver
desenvolvido, mesmo que possa sentir contrações e algum
desconforto, eles mandam-na ir para casa e voltar mais tarde no
dia seguinte!
Exame
vaginal
Se estiver num hospital, durante o
parto, será vista várias vezes, onde está dilatada. Não é algo
que se goste, especialmente se já estiver em trabalho de parto
ativo e tem o direito de autorizar o procedimento ou não, há
outras formas de ver se você e o seu bebé estão bem! E, se um
grupo de estudantes de medicina entrar na sala e perguntar se
podem vê-la no seu momento privado de trabalho de parto, pode
dizer – não! Será melhor ainda falar sobre isso anteriormente
com o seu médico! Prepare-se porque pode acontecer!
Monitorização
Se estiver num hospital, provavelmente irão colocá-la em
monitorização para verificar o batimento cardíaco do bebé e as
contrações, terá duas grandes fitas circulares amarradas à sua
barriga. A minha experiência diz-me que estas fitas se movem
bastante e precisam de ser ajustadas. Não é uma coisa boa e é
outra razão pela qual adoro partos em casa, se for possível e
seguro fazê-lo! Para além do desconforto, por vezes as mães
ficam ansiosas ao verem as contrações no ecrã e por terem de
estar deitadas na cama sem poderem mover-se livremente. Poderá
pedir para ser monitorizada periodicamente, para que possa
andar e deste modo ajudar as coisas a progredir. Podem
monitorizá-la a cada 30-45 minutos, o que será muito melhor!
Indução
A indução é efetivamente um grande tema e a meu ver, só deve
ser utilizada se houver uma razão médica/emergência muito forte
para tal. O bebé dá sinal ao corpo da mãe quando está na hora
de iniciar as contrações rítmicas para o parto, logo isso não
acontece até que o bebé esteja totalmente preparado física e
emocionalmente, e há muita tendência para nos esquecermos
disso. A indução não é um processo natural e não a vai ajudar a
libertar as hormonas naturais para que possa acalmar-se e
recuperar de cada contração. Além disso, a indução pode
prolongar o seu trabalho de parto, tornar as contrações ainda
mais dolorosas e rápidas numa fração de segundo. Tendo apoiado
mulheres com trabalho de parto hormonal natural e induzido,
posso afirmar que recomendo ter paciência e esperar que o seu
corpo entre em trabalho de parto por conta própria, mesmo que
isso signifique ter de lutar pelo seu direito de esperar. Não
se esqueça que tem o poder de escolha!
Tomar uma epidural
Tomar uma epidural em caso de necessidade pode ajudá-la a
aliviar a dor mas por outro lado irá distanciá-la do processo
de parto. Cada um é como cada qual, muitas mães decidem
aceitar, no entanto deve saber os seus benefícios e riscos.
Além de ser difícil ficar quieta enquanto tem contrações e o
seu anestesista tenta dar-lhe a epidural, terá de alternar de
lado enquanto está deitada na cama e é monitorizada
continuamente para detetar alterações na frequência cardíaca do
feto, isto porque a epidural pode abrandar ou até mesmo parar
completamente o trabalho de parto ativo. A epidural pode causar
a diminuição repentina da sua pressão arterial, portanto será
observada periodicamente para ajudar a garantir o fluxo
sanguíneo adequado para o seu bebé. Nalguns casos, pode ter
danos nos nervos para o resto da vida ou uma impressão sensível
no local do seu corpo onde recebeu a epidural que dura alguns
meses após o parto.
Além da epidural, terá um cateter,
um tubo que drena continuamente na sua bexiga e que se torna
extremamente desconfortável. É impossível mover-se da cintura
para baixo e à semelhança do que me aconteceu, também poderá
sentir tremores e arrepios, sob o efeito da epidural.
A
epidural não a afetará só a si, também pode afetar o seu bebé e
a maioria dos estudos sugerem que alguns bebés terão problemas
em "aprender" tornando mais difícil o processo de amamentação.
Outros estudos sugerem que o bebé pode experienciar depressão
respiratória, mau posicionamento fetal e aumento da sua
variabilidade da frequência cardíaca. Uma vez que a epidural
torna o empurrar/expulsar do bebé mais difícil, podem ser
necessários medicamentos ou intervenções adicionais, tais como
a necessidade de recorrer a outros procedimentos como as
pinças, vácuo, parto de cesariana e episiotomia. Deve consultar
o seu médico acerca das intervenções que ele usa geralmente
nestes casos, para tomar efetivamente uma decisão informada. E
perguntar-lhe mesmo sobre a sua percentagem de indução de
partos!
Se estiver num
hospital, não pode comer durante o parto
A
razão para tal é pelo facto de, num hospital, terem de estar
preparados para qualquer emergência, e no caso de ser preciso
efetuar uma cesariana o estômago deverá estar limpo, para que
se possa avançar com os procedimentos médicos necessários.
Provavelmente poderá beber água e uma vez que usualmente o
parto demora algum tempo a desenvolver-se, talvez seja melhor
comer antes de ir para o hospital.
A sua equipa de enfermagem
Normalmente, no hospital, enfermeiras ou parteiras fazem turnos
de 12 horas. Poderá começar com uma equipa e acabar com outra,
prepare-se para tal e recomendo aos parceiros que sirvam de
escudo para as mães e instruam cada novo membro da equipa sobre
a sua situação, em vez de a tornar uma tarefa da mãe. Sejam
gentis e respeitosos, eles estão lá para vos ajudar e tornar
tudo mais fácil, devem ser um apoio e não mais uma pressão.
Ter um plano de parto
preparado
Algumas pessoas gostam de lhe
chamar um plano de trabalho de parto, mas sempre achei mais
adequado denominá-lo como um plano de desejos. Nem sempre as
coisas correm de acordo com o nosso plano. É bom informar os
prestadores de cuidados de saúde dos seus desejos, mas também
tranquilizá-los de que a sua opinião dos mesmos é importante
para si, para tomar as suas próprias decisões sobre o
desenrolar do trabalho de parto e parto. Por isso, tinha por
escrito um plano de desejos formal, que trouxe, para falar
primeiro com a sua parteira e/ou médico. Claro que todos
desejamos um parto natural e livre de emergências, uma mãe
saudável e um bebé feliz, mas podemos acabar com uma epidural
ou uma cesariana, e se isso acontecer, tudo bem, continua a ser
uma grande mãe e a prioridade deve ser sempre a segurança de
ambos. Prepare-se o melhor que puder, sinta-se em sintonia e
ligada ao seu bebé mesmo antes do nascimento, para que o seu
bebé também seja um dos membros da sua equipa, ele também faz
parte de todo o processo, e esteja aberta para que o seu bebé
possa ajudá-la e guiá-la a tomar decisões.
Pode haver muitas pessoas na
sala
Quando chega a hora do parto e
novamente em cenário de hospital, poderá esperar bastantes
pessoas por perto. Poderão estar lá médicos, enfermeiras ou
parteiras e ainda estudantes de medicina, ficando o quarto
cheio rapidamente, portanto deverá pensar em quem gostaria de
ter presente para receber o seu bebé para além do seu parceiro,
e tem todo o direito de exigir que não haja estudantes
presentes, se realmente assim não o quiser.
Faça-se ouvir
É a sua vida, o seu corpo e o seu bebé. Acompanho muitas mães
que já tiveram um bebé antes, que me dizem que gostariam de se
ter defendido melhor durante o parto, por isso defendo a
importância de estar bem preparada, de procurar os benefícios e
riscos das suas próprias decisões. No meu primeiro trabalho de
parto, o meu médico maravilhoso sugeriu-me que, no caso de
haver uma decisão importante a tomar, faria a mesma pergunta
três vezes, uma vez que pela sua própria experiência sabe o
quão frágil e sugestiva uma mãe se pode sentir durante o parto,
podendo dizer apenas que sim a um procedimento sem sequer
pensar no que lhe estão a fazer a si ou ao seu bebé. Pode ter
uma equipa fantástica como eu e ainda assim sentir que não está
a ser bem tratada, e se isso acontecer não tenha medo de o
dizer ou até mesmo de pedir outra pessoa para a acompanhar.
Este tempo é seu e do seu bebé, para se encontrarem, deverá ser
uma experiência positiva para ambos. Fale com o seu parceiro
sobre isto, para que estejam ambos na mesma equipa e em
sintonia, para que a possa apoiar e não questionar o seu
instinto.
Fase da
expulsão
Não esteja à espera de passar
apenas por duas ou três contrações e de repente ter o seu bebé
nos braços como vê nos filmes, a maioria das mulheres tem de
empurrar durante muito tempo até que o seu bebé nasça. Ao
empurrar, está a usar os mesmos músculos que usa ao fazer cocó,
a maioria das mulheres fá-lo naturalmente, mas se estiver
preocupada pode pedir para lhe indicarem quando empurrar ou
não.
O anel de fogo
Quando atinge os 10 centímetros de diâmetro de abertura, os
seus músculos e pele atingem o estiramento máximo, à medida que
o seu bebé entra na vagina. Os lábios vaginais e o períneo
(área entre a vagina e o reto) atingem eventualmente um ponto
de alongamento máximo. Neste ponto, as mães podem sentir que a
pele está a arder, tal acontecimento é chamado de anel de fogo,
pela sensação de queimadura sentida à medida que os tecidos da
mãe se estendem à volta da cabeça do bebé.
Dar à Luz
Assim que o seu bebé entra no mundo, seja qual for o tipo de
parto, a mãe sente um êxtase enorme, a mãe sente-se no céu, uma
alegria e felicidade intensas invadem o seu peito, o seu
coração, por poder finalmente receber o seu bebé nos seus
braços, tocar, acariciar, beijar, proteger. Muitas mulheres que
tiveram o seu parto natural revelam que se sentem como se
saissem do próprio corpo e só conseguem ver a Luz de um milhão
de estrelas. Este é o culminar de toda a gravidez e trabalho de
parto e o começo de uma nova vida.
Libertar a placenta
Mesmo depois do nascimento, ainda tem um pouco mais de trabalho
pela frente, terá de voltar a empurrar para libertar a
placenta. Este processo tanto pode ser fácil e suave, como pode
ser difícil e doloroso no caso da placenta se partir. Na
maioria dos casos este será apenas mais um processo natural
para o qual o seu corpo está totalmente preparado, algumas mães
até preferem colocar o bebé nos braços dos parceiros, para que
se possam concentrar no último momento do parto.
Episiotomia
Durante anos, uma episiotomia (uma incisão cirúrgica do períneo
e da parede vaginal posterior geralmente feita por um médico)
foi pensada para ajudar a prevenir rasgos vaginais mais
extensos durante o parto, curar-se-ia melhor do que um rasgo
natural e ajudaria a preservar o suporte muscular e conjuntivo
do pavimento pélvico. O que não podia estar mais errado! Nos
dias de hoje, pesquisas sugerem que as episiotomias não
previnem estes problemas e já não são recomendadas a menos que
haja uma forte razão médica para tal. Caso precise de uma
episiotomia e não lhe tenha sido dado qualquer tipo de
anestesia, provavelmente irá receber uma injeção para
anestesiar o tecido. Não deve sentir o seu médico a fazer a
incisão ou a reparar a episiotomia, no entanto a recuperação
pode ser bastante desconfortável.
Além disso, uma
episiotomia tem os seus próprios riscos, por vezes a incisão
cirúrgica é mais extensa do que um rasgo natural. É possível
uma infeção e a episiotomia médica coloca-a em risco de rotura
vaginal de quarto grau, que se estende através do esfíncter
anal, para a membrana mucosa que reveste o reto. A
incontinência fecal é uma possível complicação e algumas
mulheres relatam dor durante o sexo nos meses após o parto.
Pontos
Se teve um parto natural ou se teve uma episiotomia terá de
levar alguns pontos. O médico fá-lo-á logo após o parto do seu
bebé e da placenta e normalmente, os pontos são absorvidos por
si próprios. Dependendo se teve uma epidural ou não, pode
sentir ou não. E depois também terá de os tirar passados alguns
dias, a não ser que os mesmos sejam assimilados pelo seu
organismo, se for essa a técnica que o seu médico utilizar.
Corte atrasado do cordão
umbilical
Atrasar o tempo entre o parto de
um recém-nascido e o corte do cordão umbilical tem grandes
benefícios para o bebé, e cada vez mais hospitais estão a usar
esta técnica, que era feita naturalmente nas culturas antigas e
nos partos em casa. Normalmente é realizado 30 segundos a 5
minutos após o parto e permite que mais sangue seja transferido
da placenta para o bebé, aumentando por vezes o volume de
sangue da criança até um terço! O ferro presente no sangue da
mãe também aumenta o armazenamento de ferro do recém-nascido, o
qual é vital para o desenvolvimento saudável do cérebro.
Conhecer o seu bebé pela
primeira vez
Informe o seu prestador de
cuidados de saúde de que pretende segurar o seu bebé nos braços
imediatamente após o parto e fazer o contacto pele-com-pele.
Pode atrasar a limpeza ou os exames médicos ou até optar por
fazer os exames médicos com o bebé nos seus braços. O contacto
pele-com-pele funciona como magia para si e para o seu bebé,
tanto física como emocionalmente, é o lugar natural para o seu
bebé estar após o parto e é o que ele está à espera. Por isso,
diga o que deseja, e mesmo que, por alguma razão não seja
possível, não seja muito dura consigo mesma e lembre-se que em
breve estarão juntos. Os partos em casa facilitam um ambiente
acolhedor para si e para o seu bebé, os partos no hospital
também podem ter um ambiente mais acolhedor se a mãe estiver
preparada.
Amamentação
A primeira coisa que irá dar ao seu bebé a mamar é o colostro,
que é como “uma bomba” de nutrientes, para ajudar o seu bebé a
sobreviver e a recuperar do parto. O seu bebé consegue dormir
durante horas depois disso! Nunca acordei os meus bebés para os
alimentar, sejamos honestas, quem gostaria de acordar só para
comer e voltar a dormir? Os bebés têm os seus próprios ritmos
pessoais e se está tudo bem com o seu bebé, não há nada com que
se preocupar, deixe apenas a natureza seguir o seu trajeto. Os
primeiros 10 a 15 dias de amamentação são os mais desafiantes,
deverá ter consciência disto. Mantenha uma equipa de apoio à
sua volta ou alguém a quem possa ligar para a ajudar e
encorajar. Os seus seios podem estar ótimos ou podem doer
durante alguns dias, à medida que se ajusta à pega do bebé no
seu peito e os seus mamilos se habituam ao mesmo. A amamentação
pode ser exigente, mas é também extremamente benéfica, é mais
uma vez o que o seu bebé está à espera, dado que é um processo
natural. Existem fórmulas que acabam por salvar vidas, no
entanto não deixam de ser artificiais e tudo o que partilhava
com o seu bebé através do fluxo sanguíneo, os seus nutrientes,
os seus pensamentos e emoções, está agora a partilhar através
do seu "sangue branco", o seu leite! A amamentação será um novo
capítulo e deve sentir-se tão preparada para o mesmo como
estava para o parto, por isso comece a recolher toda a
informação, os benefícios e possíveis desafios que poderão
surgir e como os superar. É super importante!
Barriga mole e estrias
O seu corpo acabou de dar origem a um novo ser humano, em toda
a sua complexidade, corpo, mente, emoções e energia, e a mãe
tem agora a barriga mole e algumas estrias pelo seu corpo. Sim,
acontece, deve amar-se a si e ao seu corpo ainda mais agora que
é mãe. Tal como a mãe natureza não permanece igual quando uma
nova flor nasce, o seu corpo também não irá manter-se igual.
Tudo isto é a sua transformação como mulher. Os meios de
comunicação estão constantemente a mostrar-nos mulheres, o
corpo perfeito, mas nesta vida nada permanece igual. Tal como
as luas, temos diferentes fases e esta deve ser uma das fases
mais positivas para si e para o seu bebé.
Espero que
tenha gostado deste artigo e a tenha ajudado a colocar em
perspetiva as suas decisões futuras. O seu bebé precisa que
você seja também a sua voz na altura da gravidez, parto e
nascimento! E depois de toda esta viagem a mãe vai saber melhor
reconhecer o seu verdadeiro poder de ser mulher, a grande
transformadora de energia em matéria. A gravidez e o nascimento
são as canções da sua alma e o seu encontro consigo própria e
conexão com o que de mais divino temos em nós.
Quem sou eu?
Olá! Eu
sou Susana, sou professora de yoga e educadora
pré-natal. No meu dia a dia, se não estou com meus 3
filhos, eu ajudo e dou apoio às necessidades das
mulheres, mães e dos seus bebés. Sou a
fundadora do Programa Yoga para Mulheres, Yoga
para Grávidas e Pós-parto e Yoga
para Toda a Família, Yoga para a Ansiedade,
autora do livro Yoga e Maternidade, e Presidente da
Associação Norueguesa de Educação Prénatal. Tenho mais de
quinze anos de experiência como professora de yoga e hoje
orgulho-me de ter ajudado centenas de mulheres um pouco por
todo o mundo.